A colonização da Madeira e dos Açores

15-02-2012 11:01

    

O Arquipélago da Madeira situado no Oceano Atlântico é constituído pelas ilhas:

Madeira

  • Porto Santo
  • Desertas e Selvagens

O Arquipélago dos Açores situado no Oceano Atlântico é constituído por três grupos:

Grupo Oriental ( Stª Maria, S. Miguel(a maior) e as Formigas)

  • Grupo Central (Terceira, Graciosa, S. Jorge, Pico e Faial)
  • Grupo Ocidental (Flores e Corvo (a mais pequena))

Ambos são de origem vulcânica, com relevo muito acidentado e montanhoso.

A maior elevação da Madeira: Pico Ruivo (1862 m)

“              “                 Açores: Pico (2351 m)

      

 

  A colonização da Madeira e dos Açores foi semelhante.

 

 

 

 

 

 

SENHORIO

 

FORMA DE POVOAMENTO

 

POVOADORES

 

PRODUÇÕES

 

 

MADEIRA

 

 

 

 

Infante

D. Henrique

 

 

Divisão em capitanias (3)

 

Com

Capitão- donatário

 

Portugueses

Estrangeiros

(Colonos)

Cereais

Açúcar

Vinho

Gado

Fruta

 

 

AÇORES

 

 

 

Infante

D. Henrique

D. Pedro

 

Divisão em capitanias (5)

Com Capitão- donatário

 

Portugueses

Estrangeiros

(Colonos)

 

Gado

Trigo

Pastel

Urzela

 

 

OS AÇORES

 

ORIGEM DOS AÇORES

         “Os cientistas dizem que estas ilhas são de origem vulcânica. Isso significa que há muitos, muitos séculos o fundo do mar estremeceu, abriram-se fendas por onde se foram escapando jactos de lava incandescente, jactos cada vez maiores e mais fortes, que ao arrefecer se transformaram em montanhas submarinas. Os picos que passaram a barreira da superfície da água e ficaram à tona são as ilhas.

 

         Na opinião dos cientistas, as ilhas vieram do fundo do mar. Mas segundo a lenda tudo se passou exactamente ao contrário, quer dizer, as ilhas existem porque um grande continente se afundou – a Atlântida.”

 

 Magalhães, Ana Maria

Na Crista da Onda

Lisboa, Bertrand

1996

           

Diz a lenda da Atlântida que…

 

Há muitos, muitos anos, teria existido a meio do oceano uma grande ilha ou mesmo um continente, chamado Atlântida.

            Era uma terra maravilhosa, com clima suave, grandes bosques, árvores gigantescas e planícies tão férteis que davam duas ou mais colheitas por ano. Nas grutas abrigavam-se animais selvagens e pelos montes corriam manadas de cavalos brancos.

            Os atlantes eram ricos, poderosos e muito civilizados. Construíram cidades fantásticas. Os palácios e templos tinham as paredes cobertas de marfim e de metais preciosos como ouro, prata e estanho.

            Havia também jardins, ginásios, estádios ricamente decorados com belas estátuas. Nos portos abrigavam-se milhares de navios.

            As jóias eram fabricadas num metal que só eles possuíam, o oricalco, mais valioso do que o ouro.

            Houve uma época em que o rei da Atlântida conseguiu dominar várias ilhas em redor, grandes extensões da Europa e uma parte do Norte de África. Mas acabou sendo derrotado pelos gregos de Atenas.

            A Atlântida desapareceu devido a um tremor de terra violentíssimo. Foi engolida pelo mar numa só noite.

            Há quem diga que os únicos vestígios deixados à superfície foram pastas de lodo. Mas também há quem garanta que os cumes da montanha ficaram de fora transformados em ilhas e que essas ilhas são os Açores.

            Na antiguidade, as noticias a respeito da Atlântida passaram de boca em boca durante muitas gerações. O primeiro que as registou por escrito foi um pensador grego chamado Platão, que viveu no século V antes de Cristo.

            Depois muita gente escreveu a respeito do continente desaparecido. No início do nosso século já havia mil e setecentos livros publicados sobre o assunto e raro é o ano em que não aparecem estudos, artigos em jornais e revistas, livros variados. Certas associações continuam a procurar desesperadamente os restos da Atlântida no fundo do mar.

 

      MAGALHÃES, Ana Maria, e ALÇADA, Isabel,  

Uma aventura nos Açores

Editorial Caminho

 

QUEM DESCOBRIU OS AÇORES?

 

         “Há historiadores que afirmam ter havido descobridores anónimos, pescadores e marinheiros, que lá passaram por acaso antes dos portugueses. Souberam da sua existência mas nem a informação circulou, nem teve qualquer utilidade, pois continuaram solitárias e adormecidas no oceano.

Também há quem tenha outra opinião. O professor Luís de Albuquerque, um dos maiores especialistas dos descobrimentos portugueses, considera que a chegada dos portugueses foi um descobrimento absoluto. E aponta como descobridor Diogo de Silves, que ali teria desembarcado em 1427.”

 

Magalhães, Ana Maria

Na Crista da Onda

Lisboa, Bertrand

 

 

SÃO MIGUEL


         O seu povoamento inicia-se em 1444, depois de o Infante Dom Henrique ter mandado lançar gado em sete das ilhas do arquipélago. A sua capitania foi entregue a Gonçalo Velho, cavaleiro e frade da Ordem de Cristo. Os primeiros habitantes provieram das províncias da Estremadura, Alto Alentejo e Algarve, vindo juntar-se, mais tarde, madeirenses, judeus e mouros e, possivelmente franceses (tradição presente no nome da freguesia da Bretanha).
A fertilidade do solo, a posição geográfica entre a Europa, a África e a América contribuíram para a rápida expansão económica, centrada no cultivo do trigo, da cana-de-açucar, das plantas tintureiras, pastel e urzela, no vinho e nos lacticínios.

SANTA MARIA


         Desconhece-se a data do seu descobrimento. De certo sabe-se que caravelas portuguesas fizeram o reconhecimento do seu litoral em 1427 e que Gonçalo Velho Cabral, navegador ao serviço do infante D. Henrique, lançou gado em Santa Maria e foi, mais tarde, o seu capitão-do-donatário. Primeira ilha dos Açores a ser povoada em 1439.


TERCEIRA

         Designada por ilha de Jesus Cristo no período do seu reconhecimento pelos navegadores portugueses, o povoamento inicia-se, cerca de 1450, com a concessão da sua capitania ao flamengo Jácome de Bruges pelo Infante D. Henrique. Com uma economia inicialmente voltada para a produção agrícola, sobretudo de cereais, e a exportação de pastel, planta tintureira, a Terceira começa a desempenhar importante papel na navegação dos séculos XV e XVI, como porto de escala para as naus que traziam as riquezas das Américas, que se juntam os galeões da Índia. Nesse período, a ilha Terceira é um entreposto do ouro, prata, diamantes e especiarias vindas de outros continentes, o que atrai a cobiça de corsários franceses, ingleses e flamengos e faz com que as suas costas sejam alvo de ataques constantes durante vários séculos.


GRACIOSA

         É incerta a data do seu descobrimento, embora seja provável que tenha ocorrido por iniciativa de mareantes vindos da vizinha ilha Terceira. De seguro sabe-se que recebeu gado por ordem do infante Dom Henrique e que, em meados do século XV, já tinha povoadores. Segundo alguns historiadores, a sua população aumentou devido à vinda colonos das Beiras e do Minho e também da Flandres.


SÃO JORGE


         O descobrimento e povoamento da ilha estão envoltos em mistério. A primeira referência a São Jorge data de 1439.

         Rápido deve de ter sido o seu povoamento com gentes vindas do Norte do Continente, bem como a sua prosperidade económica.


PICO

           Após o lançamento de gado na primeira metade do século XV, o seu povoamento iniciou-se cerca de 1460 com naturais do Norte de Portugal, após escala na Terceira e Graciosa. Inicialmente voltada para a cultura do trigo e um pouco para a exploração do pastel, planta tintureira exportada para a Flandes, por influência da vizinha ilha do Faial, em breve a população dedica-se também à cultura da vinha e à pesca.



FAIAL

             Nalgumas cartas, chegou a ser designada por “Insula de Ventura”. A sua descoberta terá sido na primeira metade do século XV. Em 1460 iniciou-se o seu povoamento, na zona dos Cedros, por gente vinda do norte de Portugal, mais tarde vieram também flamengos que se instalaram no local hoje conhecido por vale dos flamengos.

CORVO E FLORES


         É ponto controverso a data do descobrimento das ilhas das Flores e do Corvo sabendo-se ter sido posterior às das restantes ilhas dos Açores. Afirma-se, porém, que em 1452 eram reconhecidas por Diogo de Teive e seu filho.

        A ilha das Flores, inicialmente denominada de São Tomás ou de Santa Iria, em breve vê o seu nome mudado para Flores, devido à abundância de flores amarelas (cubres) que revestiam toda a ilha, cujas sementes foram possivelmente trazidas da península da Florida, América do Norte, na plumagem de aves migratórias.


Agricultores de várias regiões do Continente começam a arrotear os seus campos produzindo trigo, cevada, milho, legumes, urzela e pastel.


 

A MADEIRA

 

A descoberta definitiva das ilhas da Madeira foi feita pelos portugueses.

Se é provável que anteriormente lá tivessem passado outros barcos e outros povos, o certo é que continuaram desertas, solitárias e esquecidas no meio do Oceano Atlântico, até à chegada de João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira à ilha de Porto Santo.

Não se sabe com precisão a data, mas situa-se entre 1417 e 1420. No entanto o ano mais provável, segundo os especialistas, é 1418.

Do que não há dúvidas é que estes capitães e os marinheiros que com eles iam navegavam ao serviço do Infante D. Henrique que, nessa época, estava empenhado em organizar viagens para a costa de África.

Já há divergência quanto ao rumo que João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira levavam: há quem considere que se dirigiam à costa de África, mas foram desviados por uma tempestade, indo parar por acaso à ilha de Porto Santo; outros crêem que foram enviados para fazer a descoberta oficial e tomar posse das ilhas de que já havia notícia.

De qualquer modo, só depois da sua viagem é que estas ilhas entraram na História.

Em relação ao nome de Porto Santo também não há acordo. Uns dizem que foi por terem chegado lá no dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos; outros que foi por se terem salvo de um temporal; outros ainda que apenas mantiveram o nome posto por outros marinheiros que ali tinham aportado, levados por alguma tempestade e aí encontraram salvação.

Nessa primeira viagem não foram à ilha da Madeira, regressaram ao reino a dar conhecimento da descoberta ao Infante D. Henrique, levando indicações sobre a localização e a rota e amostras de terra e plantas.

No ano seguinte, com Bartolomeu Perestrelo, voltaram a Porto Santo para ocuparem a ilha. Desta vez não a encontraram deserta, mas ocupada por frades franciscanos sobreviventes de um naufrágio. A esse lugar chamaram Porto de Frades.

De Porto Santo à Madeira a distância é curta e, por isso muitos historiadores pensam que os navegadores terão passado de uma ilha à outra de imediato e sem dificuldade. Se assim foi ninguém o registou por escrito. Os relatos que existem contam uma história bem diferente, que, no entanto, pode não passar de mais uma fantasia, pois não foi escrita pelos próprios.

Da ilha de Porto Santo avistava-se uma grande nuvem negra, de que os homens tinham medo julgando que seria a boca do Inferno (o escuro seria o fumo negro da fornalha onde ardiam as almas penadas pecadoras) ou o começo de um abismo onde os barcos cairiam fora da borda do mundo. O capitão Zarco resolveu meter-se no barco com alguns homens e ir ver o que era aquilo. Saíram de madrugada e por volta do meio-dia chegaram ao local da escuridão. Aí os marinheiros entraram em pânico com os rugidos tenebrosos que ouviam e não conseguiam ver de onde provinham. Mas o capitão continuou em frente até avistarem uma ponta de terra. Deram a volta para sul, onde havia menos nevoeiro, e perante eles surgiu então uma ilha muito bela, coberta de arvoredo __ a ilha da Madeira.

Chamaram Ponta de S. Lourenço à primeira ponta de terra que avistaram, por ser o nome do navio do capitão.

Como já era noite, ficaram nos barcos e só na manhã seguinte foram a terra onde ficaram encantados com a beleza da ilha: montanhas altíssimas caindo a pique sobre o mar, vales verdejantes e abrigados, baías da águas transparentes e calmas, vegetação densa até à praia, frutos à mão de semear, pássaros que, nunca tendo visto gente e não temendo as suas armadilhas, vinham pousar na cabeça e nos ombros dos homens.

 

De acordo com algumas versões, terão encontrado vestígios de passagem de gente, bem como dois túmulos (os companheiros de Machim e as sepulturas dos dois amantes). A este lugar chamaram Machico. Terá sido até dentro da árvore oca que teria servido de abrigo aos Ingleses que se armou um altar e se disse a primeira missa na ilha. Mais tarde nesse lugar foi construída um igreja.

No dia seguinte, deixando os barcos ancorados em Machico, partiram em batéis a fazer uma viagem de reconhecimento da ilha, sempre encantados com o que viam. Foram dando nomes aos pontos por onde passavam: Ponta do Seixo a um sítio onde havia seixos, Santa Cruz a um local onde o capitão mandou erguer uma cruz; Funchal a um vale coberto de pedrinhas onde a única vegetação era funcho; Câmara de Lobos onde encontraram muitos lobos marinhos; Cabo Girão ao último ponto por onde passaram no fim deste seu primeiro giro.

Sendo as ilhas desertas, não tinham dono, por isso D. João I deu-as ao filho, o Infante D. Henrique, como prémio de as ter mandado descobrir. Este dividiu as ilhas em três capitanias, duas na Madeira e uma em Porto Santo e entregou-as aos seus descobridores para que as povoassem e desenvolvessem. Bartolomeu Perestrelo ficou com a ilha de Porto Santo e os outro dois dividiram a Madeira entre si.

 

Não se sabe a data exacta do início da colonização, mas os documentos apontam datas entre 1420 e 1425.

Os capitães partiram acompanhados das suas famílias, animais domésticos, utensílios variados e sacos de sementes. Além destes foram também mais homens da pequena nobreza, uns solteiros, outros já com família, e gente do povo. Alguns eram criminosos a quem o rei perdoou crimes menores para irem como colonos.

E foram estes colonos que enfrentaram os problemas de tornarem habitáveis duas ilhas desertas, o que nem sempre foi fácil, sobretudo em Porto Santo, onde a água e a vegetação eram escassas. Na Madeira, pelo contrário foi o excesso de arvoredo que trouxe problemas para a agricultura. A única maneira que encontraram para resolver a questão foi deitar fogo ao mato, que ardeu num braseiro incontrolável: conseguiram-se clareiras, mas durante sete anos houve focos de incêndio na ilha que ninguém conseguia dominar. Quando soprava o vento do norte, as gentes do Funchal tinham que fugir para os barcos e fazer-se ao largo, de tal maneira o calor era insuportável.

 

Em Porto Santo houve ainda outro problema: os coelhos. Bartolomeu Perestrelo levou na viagem uma coelha grávida. Os coelhinhos deram-se tão bem e reproduziram-se tão depressa que em breve se transformaram numa praga que destruía todas as culturas.

 

 

.AÇORESs

 

O primeiro mapa em que aparece o arquipélago dos Açores muito parecido com o que é na realidade é de 1439 e foi feito por um cartógrafo catalão chamado Gabriel Valseca. Nele é apontado o nome do português Diogo de Silves como seu descobridor. As datas prováveis dessa primeira viagem são 1427 ou 1432. O mapa não inclui ainda as ilhas de Flores e Corvo.

Isto leva a que historiadores como o professor Luís de Albuquerque, um dos maiores especialistas nos Descobrimentos Portugueses, considere que a chegada dos portugueses foi um descobrimento absoluto.

No entanto há quem continue a afirmar ter havido descobridores anteriores, pescadores ou marinheiros, que deram com as ilhas por acaso, ao desviarem-se das suas rotas. Souberam da sua existência mas não consta que essa informação tenha sido aproveitada.

As ilhas eram desabitadas, com clima suave e cheias de vegetação. É de 1439 o primeiro documento sobre o povoamento dos Açores. É uma carta e diz que:

·     o Infante D. Henrique já tinha mandado soltar ovelhas e cabras nas sete ilhas dos Açores;

 

·     o regente, D. Pedro, irmão do Infante D. Henrique e tio de D. Afonso V, que nessa altura tinha apenas seis anos, autorizava-o a mandar colonos para povoarem as ilhas.

A colonização foi feita no sistema de capitanias. Conforme era costume da época, o Infante entregou as ilhas a capitães-donatários da sua confiança que se tornavam responsáveis pelas terras. Cada um deles tinha que chamar gente, mandar cultivar os campos, construir cidades e organizar a vida da população. Nos seus territórios, cada um era como um rei, até na aplicação da justiça e no arrecadar dos rendimentos obtidos; só tinha que pagar um imposto ao Infante D. Henrique ou ao Infante D. Pedro.

Os primeiros capitães donatários foram portugueses e flamengos: Gonçalo Velho Cabral, que levara as ovelhas nas viagens anteriores, ficou com S. Miguel e S.ta Maria, em 1439; o flamengo Jácome de Bruges, casado com uma portuguesa, recebeu a Terceira, em 1450; Faial e Pico foram entregues a outro flamengo __ Josse van Hurtere (de onde deriva o nome da cidade da Horta) em 1466.

As ilhas de Flores e Corvo foram descobertas em 1452 por Diogo de Teive, que partira do Faial com um filho e, quando menos esperava, viu pela frente aquelas duas pequenas e bonitas ilhas. Estas duas capitanias foram dadas a Guilherme van der Haegen, que também recebeu a de São Jorge, em 1470.

A Graciosa só foi povoada em 1510 por Pedro Correia e Vasco Gil Sodré.

O nome do arquipélago __ Açores __ vem do grande número desses pássaros que sobrevoavam as ilhas quando foram descobertas.