A revolução de 1383-85
Em 1384, para defender o direito ao trono de sua mulher, D. Beatriz, o rei de Castela invadiu Portugal e cercou a cidade de Lisboa, tendo no caminho atacado localidades que não se haviam ainda declarado a favor da rebelião. Contudo, os habitantes de Lisboa resistiram e o cerco foi levantado quando um surto de peste atacou as tropas castelhanas, obrigando D. João I de Castela a retirar-se. Esta invasão castelhana fez com que as cidades e vilas de Portugal se dividissem entre as que apoiavam a rebelião, ou seja o Mestre de Avis, e as que apoiavam “o usurpador”, ou seja D. João de Castela. Apenas algumas praças se mantiveram fiéis à Regente D. Leonor Teles que, apesar da antipatia de que era alvo, não defendia a anexação de Portugal por Castela, e era a legítima governante de Portugal. Face à revolta popular, D. Leonor acabou por apoiar a invasão. Neste mesmo ano, o exército português, comandado por D. Nuno Álvares Pereira, já havia vencido os castelhanos, na Batalha dos Atoleiros. Em 1385, nas Cortes de Coimbra, João das Regras defendeu com sucesso a legitimidade do Mestre na sucessão da Coroa portuguesa, "derrotando" os outros pretendentes nacionais: os infantes D. João e D. Dinis (meios-irmãos de D. Fernando) e a rainha D. Leonor. O Mestre de Avis foi aclamado D. João I de Portugal. O rei de Castela invadiu novamente Portugal com um numeroso exército, que incluía alguns membros da alta nobreza portuguesa que sempre o haviam apoiado. O confronto de D. João I com os castelhanos na Batalha de Aljubarrota viria a revelar-se decisivo: apesar de estarem em inferioridade numérica, os Portugueses, utilizando a "táctica do quadrado" e como apoio dos Ingleses (que enviaram uma companhia dos seus famosos arqueiros) obtiveram a vitória. O apoio dado pela baixa nobreza e pela burguesia foi recompensado por D. João I, que lhes concedeu privilégios, cargos, títulos e terras, antes pertencentes à alta nobreza e aos apoiantes de D. Beatriz. Esta “nova nobreza” contribuiu para o início de uma nova época na História de Portugal.Apesar de a vitória na Batalha de Aljubarrota ter afastado o perigo da perda da independência, foi apenas em 1411, no reinado de D. João II de Castela (sucessor de Henrique III e neto de João I), que a independência de Portugal foi reconhecida por Castela.