A PESTE NEGRA

07-06-2013 12:35

A PESTE NEGRA

 

 

            A peste negra é provocada por um micróbio que os cientistas modernos chamaram Pasteurella Pestis.

            Esse micróbio vive no estômago ou no sistema circulatório da pulga.

            A pulga aloja-se no pêlo de um roedor, com preferência pela ratazana preta.

            A doença transmitia-se pela mordedura das pulgas e o nome de peste negra justifica-se porque à volta das mordeduras alastrava uma mancha negra, que hoje se sabe que era gangrena.

            Além disso, os gânglios das virilhas e dos sovacos inchavam muito, formando uns bubões que se tornavam também negros e abriam em ferida.

            Esta doença era altamente contagiosa. As pessoas de todas as raças, de ambos os sexos e de todas as idades podiam apanhar peste negra. Até os animais domésticos adoeciam.

            Os primeiros sintomas eram dores de cabeça muito fortes, arrepios e vómitos. A cara adquiria uma expressão especial, devido ao olhar brilhante provocado por febres altíssimas. A língua cobria-se de uma camada de sarro amarelo e o doente tinha muita sede. Os bubões só apareciam ao terceiro dia.

            Quando a peste assumia a “forma pulmonar”, ou seja, quando os pulmões eram atacados, o doente tinha tosse, cuspia sangue e não havia hipótese nenhuma de se salvar. Morria em poucos dias e o mais certo era ter pegado a doença a todas as pessoas com quem tivera contacto.

            Além dessa forma, havia ainda a “forma septicémica”, que era quando as bactérias invadiam rapidamente a corrente sanguínea. Nestes casos, o doente sentia os primeiros sintomas de peste, e morria poucas horas depois.

            A peste negra matou milhões de pessoas. Morreram famílias inteiras e houve aldeias que se despovoaram.

            No entanto, algumas pessoas não apanharam peste. Outras, muito poucas, apanharam e curaram-se. (...) Toda a gente considerava essas curas um milagre.

 

 

 

 

A PESTE NEGRA EM PORTUGAL

 

            Em Portugal a peste negra entrou em 1348. Alguns historiadores dizem que os primeiros casos se registaram na Primavera. Outros garantem que foi só em Setembro.

            De qualquer forma sabe-se que foi uma espécie de “praga-relâmpago”. Até ao Natal, matou muito mais de metade da população portuguesa. (...)

            Como os campos ficaram abandonados, seguiram-se grandes fomes e o País mergulhou numa crise difícil de superar.

 

EXPLICAÇÕES E TRATAMENTOS PARA A PESTE NEGRA

 

            Como naquela época a medicina estava muito pouco desenvolvida, as pessoas pensavam que a peste era um castigo enviado por Deus. Portanto, para terminar com o flagelo, a Igreja aconselhava que todos rezassem muito e se arrependessem dos seus pecados.

            Além disso, os cristãos procuravam proteger-se usando estampas e relíquias de santos. S. Sebastião e S. Roque eram considerados os mais eficazes para evitar ou curar a peste.

            Os médicos, que naquela época tinham o nome de físicos, deram explicações mais racionais para a doença, mas nunca descobriram que a origem estava nas pulgas dos ratos.

            Tinham ideia de que a doença se podia transmitir através do ar ou através da água.

            Com medo de serem contagiados, muitos “físicos” recusavam aproximar-se dos doentes, o que se compreende até porque não sabiam o que lhes haviam de fazer.

            Outros, mais corajosos e conscienciosos, procuravam levar algum conforto à cabeceira dos pestilentos. Mas para evitarem o contágio, usavam um traje especial: uma túnica de tecido grosso e felpudo, que tinha um cheiro intenso. Além disso, punham luvas também grossas e uma espécie de máscara em forma de bico de pássaro, furada para poderem respirar. Enchiam essa massa com ervas aromáticas, ou seja, plantas de cheiro intenso (...). A ideia era “filtrar” o ar que respiravam através desses perfumes, para não serem contagiados.            

            A única medida aconselhada pelos médicos que tinha alguma eficácia era a utilização de vinagre na limpeza do corpo e da casa, pois o cheiro ácido afastava os insectos e, de certo modo, o vinagre desinfecta.

            Mas a maior parte dos tratamentos eram bastante ridículos e variavam de país para país.

 

            Excertos da obra “O Ano da Peste Negra”, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Caminho.