Lisboa-Quinhentista
A vida urbana no século XVI – Lisboa quinhentista
Importância da cidade de Lisboa no séc. XVI
No séc. XVI Lisboa era uma das cidades mais importantes da Europa devido à chegada de mercadorias oriundas do Oriente, África e Brasil, que depois eram distribuídas pelo centro e norte da Europa.
Produtos que chegavam a Lisboa
- Oriente: especiarias, sedas, porcelanas, pedras preciosas
- África: ouro, malagueta, marfim, escravos
- Brasil: açucar, pau-brasil, animais exóticos
Crescimento da cidade
Nos reinados de D. João II e de D. Manuel I Lisboa teve um desenvolvimento tão grande que as suas construções começaram a ocupar espaços fora das muralhas construídas por D. Fernando (Cerca Nova ou Cerca Fernandina).
O rei D. Manuel deixou o Paço de Alcáçova, junto ao Castelo, para ir viver mais junto ao Tejo, no Paço da Ribeira, para melhor vigiar o movimento marítimo.
Locais importantes da cidade
- Paço da Ribeira: onde se encontravam os aposentos do rei e a Casa da Índia (local abastecido de produtos vindos do Oriente)
- Rossio: onde os camponeses vendiam os seus produtos
- Rua Nova dos Mercadores: onde havia mercadores de toda a parte do mundo
- Ribeira das Naus: onde se construíam navios
- Hospital Todos-os-Santos: recebia doentes, pobres e órfãos
- Misericórdia: recebia pobres e crianças abandonadas
- Feira da Ladra: onde se vendiam produtos usados
Movimento de pessoas
- Emigração: muitas pessoas partiram para as ilhas atlânticas, Brasil e Oriente, à procura de melhores condições de vida.
- Imigração: chegaram a Lisboa muitas pessoas vindas de todo o mundo: comerciantes, artesãos, artistas, escravos…
- Migração interna: muitos camponeses abandonaram os campos e foram para a cidade à procura de melhor condições de vida.
Distribuição da riqueza
- Nobreza:
- recebia riquezas
- gastava dinheiro em luxos, vestuário e na habitação
- as famílias mais ricas tinham todas escravos
- Clero:
- foi beneficiado com a construção e adornação de igrejas e mosteiros
- Grande parte do povo:
- vivia em extrema pobreza
- muitos eram vagabundos, mendigos, miseráveis
- Corte:
- das mais ricas e luxuosas da Europa
- eram frequentes os banquetes e saraus com músicos, poetas e escritores
- o rei realizava ainda cortejos para exibir a sua riqueza, onde desfilavam músicos ricamente vestidos e animais raros
Cultura
- Literatura
- Luís de Camões: “Os Lusíadas”
- Fernão Mendes: “A Peregrinação”
- Pêro Vaz de Caminha: “Carta do Achamento do Brasil”
- Damião de Góis e Rui de Pina: crónicas de reis
- Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda e Garcia de Resende
- Matemática
- Pedro Nunes
- Medicina
- Garcia de Orta e Amato Lusitano
- Geografia e Astronomia:
- Duarte Pacheco Pereira
- Zoologia e Botânica:
- Garcia da Orta
- Arte
- Arte Manuelina na arquitetura: decoração com elementos alusivos às viagens marítimas (cordas, redes, conchas, naus, caravelas, esferas armilares) como no Mosteiro dos Jerónimos e Convento de Cristo.
- Arte Manuelina na escultura, pintura, ourivesaria, cerâmica e mobiliário: revelam também influências dos Descobrimentos
Lisboa Quinhentista
No século XVI, Lisboa tornou-se um grande centro de comércio. A cidade desenvolveu-se em volta do castelo. Com o aumento do comércio, a cidade estendeu-se até ao rio Tejo.
A situação geográfica de Lisboa permitiu tornar-se a capital do império português.
Imigração – Vinda de estrangeiros europeus para Lisboa, para se dedicarem ao comércio; vinda de escravos e África.
Migrações internas – Movimento de pessoas dentro do próprio país. Pessoas vindas do campo para a cidade, para se livrarem da fome e da sujeição imposta pelos senhores.
Emigração – Saída do país para outros países, à procura de uma vida melhor. Pessoas que iam povoar e explorar as terras; defender e administrar as terras descobertas; comercializar e evangelizar.
Verificou-se um Desenvolvimento do comércio marítimo na cidade de Lisboa, enquanto que o resto do país não se desenvolvia.
Principais locais ligados ao desenvolvimento do comércio no porto de Lisboa:
- Casa da Índia;
- Rua Nova dos Mercadores.
Principais ofícios ligados à construção naval:
- Carpinteiros;
- Calafates;
- Tecelães;
- Etc.
O lucro do comércio não era aplicado na agricultura, nem na indústria artesanal. Os portugueses gastavam os lucros na manutenção de muitos funcionários que ajudavam o rei a organizar e controlar o comércio, bem como rodeando-se de luxo para mostrarem a sua riqueza.
A vida na corte
Alimentação – Faziam frequentemente banquetes, servidos por muitos criados, com alimentos muito abundantes e confeccionados com produtos exóticos, “deitavam à toa e em todos grandes quantidade de açúcar, canela, especiarias e gemas de ovos cozidos”.
Vestuário – Vestiam veludos, sedas e outros tecidos vindos do estrangeiro, enfeitados com pedras preciosas e plumas.
Distracções – Festas religiosas
- Declamações de poemas;
- Representações teatrais;
- Serões musicais;
- Danças;
- Momos (representações por meio de gestos e que faziam rir);
- Torneios;
- Touradas;
- Passeios pelas ruas da cidade exibindo grande luxo.
Vida da restante população – Faziam todo o tipo de tarefas como: descargas dos navios; transporte de lixo; lavavam a roupa, etc. Viviam pobremente e passavam privações.
Cultura, Ciência e Arte – No século XVI, após as viagens das descobertas, surgem obras literárias, científicas e artísticas. Na literatura surgem peças de teatro criadas por Gil Vicente. Luís de Camões foi o maior poeta da sua época e os Lusíadas são a obra que o imortalizou.
Arquitectura – O Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém são dois monumentos desta altura, que simbolizam os Descobrimentos. Chamamos arte manuelina a estas construções, porque são do reinado de D. Manuel.
Arte manuelina – Símbolos nacionais e outros inspirados nas viagens.
Artes decorativas – As peças vinham do oriente e países da Europa (porcelanas, tapetes, colchas de seda, bordados, mobiliário, etc.)
Pintura – Temas religiosos com testemunho do contacto com outros povos.
A LISBOA QUINHENTISTA
No século XVI, Lisboa era uma importante cidade comercial e uma das mais importantes da Europa. Calcula-se que em Lisboa viveriam cerca de cem mil habitantes das mais variadas proveniências: desde os naturais da cidade, aos que migravam da província à procura de uma vida melhor, passando pelos muitos escravos trazidos da costa de África e pelos estrangeiros que aqui vinham comprar os produtos que nos chegavam das mais variadas partes do império. Calcula-se que viveriam aqui cerca de sete mil estrangeiros cujas casas se situavam na Rua Nova dos Mercadores, uma das mais bonitas da cidade com prédios de vários andares e muitas lojas.
O rei D. Manuel I mandou construir um palácio à beira do Tejo, no Terreiro do Paço (hoje mais conhecido como Praça do Comércio). Era muito grande e, para além dos aposentos destinados à família real, tinha vários anexos. Entre estes, a Casa da Índia, organismo que organizava e controlava todo o comércio entre Portugal e o Oriente. Muitos nobres seguiram o exemplo do rei e mandaram igualmente edificar os seus palácios junto ao Tejo.
Outro edifício mandado construir pelo rei D. Manuel junto ao rio foi a Alfândega Nova a fim de armazenar todas as mercadorias que chegavam do estrangeiro.
Outros monumentos:
- Templo da Misericórdia: destinava-se a dar apoio às pessoas pobres.
- Hospital de Todos os Santos (no actual Rossio): destinava-se a receber pobres, doentes e crianças abandonadas.
- Palácio dos Estaus (também no Rossio): pertencia à família real e servia para instalar familiares ou pessoas ilustres que chegassem de visita.
- Na zona de Belém, o rei D. Manuel mandou construir o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de S. Vicente (Torre de Belém).